«A mulher da farmácia, de resto, contou um dia que o fornecia regularmente com um saco de medicamentos: para o coração, para os rins, para a cabeça, unguentos contra a dor, pomada para os pés, soporíferos. O homem mata-se com tantos químicos, dizia; mas a verdade é que ele insistia na vida, e a única altura em que saía era ao domingo de manhã, quando se barbeava, punha o casaco e a gravata preta, e dava a volta à aldeia, a pé, passeava em frente da igreja, pouco antes da missa, como se fizesse tenção de ali entrar, e acabava por voltar a casa, sob o olhar assustado da gente mais nova, que só o conhecia da sua fama, e que o olhava como se fosse um fantasma.»