Este sétimo Livro de Horas de Maria Gabriela Llansol, o seu «Livro dos Sonhos», concentra-se, com a diversidade que ainda assim o caracteriza, num único tipo de registo: é um repositório da escrita assumidamente onírica da autora, um espelho da sua «sismografia íntima», frequentemente com comentários, tentativas de interpretação e contextualização dos sonhos, e muitos desenhos que parecem nascer da experiência onírica ou visionária e que, nos seus cadernos, interrompem e prolongam muitas vezes a escrita. O sonho, e a necessidade da sua fixação e interpretação, é aqui acima de tudo o espaço de perda e de busca de si por parte de um sujeito que a si mesmo permanentemente se põe em cena, indo de corpo e alma ao encontro dos seus desejos, anseios, medos e dúvidas.