Os Sonetos a Orfeu escritos como monumento funerário para Wera Ouckama Knoop (1900-1919), a quem, numa carta de 1923, Rilke se refere nestes termos: "a figura daquela Wera Knoop que morreu de dezassete ou dezoito anos, que eu conheci pouco e só vi duas ou três vezes na vida, pois ela era ainda uma criança... Essa bela criança, que começou, primeiro, por dançar e fazia sensação junto de todos quantos então a viam pela sua entrega, de corpo e alma, à arte inata do movimento e da transformação,- disse inesperadamente a sua mãe que já não podia, nem queria continuar a dançar...; (isso foi logo à saída da infância) o seu corpo alterou-se de modo estranho e, sem perder a sua bela configuração oriental, tornou-se estranhamente pesado e maciço... (o que era já o início da misteriosa doença das glândulas que tão depressa havia de trazer-lhe a morte)... No tempo que ainda lhe restava, Wera dedicou-se à músicae, por fim, já só desenhava,- como se a dança proibida ainda ela emanasse cada vez mais leve e cada vez mais discretamente..."