India Song é a história de um amor vivido nas Índias, numa cidade superpovoada das margens do Ganges, durante os anos trinta. Dois dias dessa história são aqui evocados. A estação é a da monção de Verão.
Vozes sem rosto — duas mulheres e dois homens — recordam a história de Anne-Marie Stretter, a mulher do embaixador de França, e de Michael Richardson.
As vozes conhecem essa história há muito tempo, e algumas lembram-se dela melhor do que outras; no entanto, nenhuma a esqueceu completamente, tal como nenhuma a conhece na totalidade.
Não sabemos, em nenhum momento, quem são essas vozes. A história evocada é uma história de amor imobilizada no auge da paixão. A sua volta, uma outra história - a fome e a lepra misturadas na humidade pestilencial da monção —, também ela imobilizada num paroxismo quotidiano.
A mulher, agora morta — a sua campa encontra-se no cemitério inglês de Calcutá —, como que nasceu desse horror. Move-se no meio dele com um encanto que as vozes tentam recuperar. Encanto permeável, perigoso, e perigoso também para algumas das vozes.