(…) Páginas Vividas da Resistência, em cada parágrafo se sente a verdade destas palavras. Os episódios, as reacções emocionais, muitos dos pensamentos que aqui encontramos são a expressão já não directa, mas decantada pela distância, do percurso muito rico de um homem, de um revolucionário deste século, que assistiu e esteve ele próprio investido em intensa luta de classes e em cujas veias correu a esperança, até certo ponto frustrada, de uma transformação radical e generosa da sociedade, da criação de um mundo tão diferente deste que nos aparece dominado pela hiperburguesia do capitalismo chamado neoliberal.
(…) Tempo de Subversão tem trechos quase de diário e amiúde mescla o lirismo, a caricatura, a epopeia. Vai (com grandes saltos e regressos) dos anos 40, os da flor da juventude e da derrota do nazismo, às intentonas da Sé e de Beja, à guerra colonial, às várias faces do terrorismo de Estado, às provações e perspectivas, da liberdade condicional aos saltos de fronteira, ao marcelismo, à campanha eleitoral e de agitação democrática de 1973.
(…) É um pouco a história recente do nosso país em pequenos quadros, em cenas de colorido vivo.
Urbano Tavares Rodrigues, JL