Lewis Carroll contou duas vezes a origem desta história. No diário, que só seria tornado público depois da sua morte, escreveu em Julho de 1862: «Fiz uma expedição subindo o rio [o Isis, que atravessa Oxford] com Duckworth e as três meninas Liddell, até Godstow, onde merendámos na margem. Só regressámos a Christ Church às oito menos um quarto.» A 10 de Fevereiro do ano seguinte acrescenta a estas frases a seguinte nota: «Foi nesta ocasião que lhes contei "As Aventuras de Alice debaixo da Terra", que me comprometi a escrever para a Alice, e que neste momento já estão completas (no que diz respeito ao texto), ainda que as ilustrações estejam longe de estar feitas.» E em Abril de 1887, num artigo que escreve para uma revista: «Quantas vezes não remamos juntos, na corrente calma, as três meninas e eu, que improvisava um conto para elas! (...) mas nunca nenhum desses contos foi escrito; viviam e morriam como efémeras borboletas, durante cada uma delas o tempo de uma tarde domada, até ao dia em que, por acaso, uma das minhas pequenas ouvintes pediu que o conto fosse passado ao papel para ela. Muitos anos passaram, mas lembro-me nitidamente, ao escrever estas linhas, como, procurando desesperadamente um feérico tema original, comecei por expedir a minha heroína para a cova de um coelho sem fazer a menor ideia do que se passaria em seguida.»