Olga Gonçalves iniciou a actividade literária dentro do campo da Poesia, na qual testemunhou interesse pelo experimentalismo, evidenciando-se porém na escrita do soneto, o seu caso poético, considerado por ela como o lugar da sua grande intimidade.
Em 1976, a Academia das Ciências de Lisboa atribuiu o Prémio Ricardo Malheiros ao seu primeiro romance, «Floresta em Bremerhaven». Nele, a emigração foi o espaço privilegiado pela escritora, espaço a que voltaria num outro livro, dois anos mais tarde.
Também o dilema da juventude portuguesa do post 25 de Abril, assim como a deterioração da célula familiar na nossa sociedade foram outra direcção a que Olga Gonçalves, num terceiro volume, se mostrou atenta.
O gosto pelo facto histórico, pelo sociológico e, não menos importante, pelo visual, levá-la-iam a escrever «Ora esguardae», a que a própria autora chamou mural, e no qual se movem as faces ocultas e desocultas da Revolução de 74.
CAIXA INGLESA é voz de ficção, mais baixo, ou mais alto, adequada a uma experiência poética: de novo, ponto de chegada no seu itinerário, mas encontro, fascínio do abstracto e do real.