O avô de Bruno dedicou a vida ao partido, à luta pela democracia, esquecendo o filho, a família, tomado pela vertigem do trabalho na clandestinidade, pela prisão, pelo desassossego das horas subterrâneas onde construía a resistência ao regime de Salazar. Quando a liberdade chegou, o filho tinha crescido sem ele, fizera-se professor universitário, casara, tivera um filho, Bruno, e partira para Paris, deixando-lhe o neto a seu cargo.
Bruno devia, assim, ao avô Bento os melhores anos da sua vida. Com ele aprendera o código da camaradagem, da alegria.
Por isso, naquele verão quente, não aceitou ver o seu melhor amigo depositado num Lar, ao lado de outros velhos. Deixando o Algarve onde passava férias com o pai, fez-se à estrada, para viver com o avô a sua maior aventura.
O relato dessa viagem empolgante, o relacionamento entre avô e neto, têm nestas páginas o timbre da aventura humana, quando o amor e a ternura, o afecto e as lágrimas servem de alicerce e dão continuidade à natureza humana.